Funcionamento de um Pisão
Um desenho técnico e uma descrição exacta da mecânica e funcionamento de um pisão, pertencentes a um capítulo chamado “os pisões de Barroso”, escrito por Joaquim Fernandes Figueira, do XIII volume das publicações do Congresso do Mundo Português:
"O modelo dos pisões do Barroso é êste: - roda hidráulica exterior, com um eixo quadrangular em carvalho ou castanho que termina em um espeque ou pilar no interior do moinho ou engenho.
Êste eixo é atravessado por 4 cunhas perpendiculares - 2 para cada martelão. Estes estão presos no teto, distantes 1m entre si, e são constituídos, cada um, por uma alavanca ou caibro grosso, de 2 a 3m de comprido, tendo a 1/3 do comprimento encravado um bloco - o martelão - cuja “unha” vai bater em uma larga e espaçosa prateleira onde se coloca o tecido a apisoar.
Posta a roda em movimento, as extremidades das alavancas, onde se fixam os martelos, tocam nas cunhas do eixo, e, em movimento transversal e alternado, ora um, ora outro, vão atirando e comprimindo o tecido de encontro às paredes da prateleira ou “gastalha”. É o impulso das “unhas” dos martelões que faz girar e virar o burel que o encarregado molha com água quente, de quando em vez, para o tecido não “queimar” e para que fique mais encorpado.
Cada peça de burel demora a preparar cerca de 2 horas e, por este serviço, se pagam 5 escudos.
(…)"
O “pisoeiro” tem ainda de estender o pano entre varas para o alisar e secar e, por fim, dobra a peça para seguir para as feiras - em especial para a grande feira de S.Miguel (…).”