The Flax Engineer

When I went to the BPGV to pick up the Galego Flax seeds, and explained Eng. Ana Maria Barata what we intended to do and explore through this idea of growing and processing our own fibre in Serralves, she told me about this colleague of hers that worked at the seed bank years ago: at some point, he had worked in a project related to flax and had developed some equipment that we might find interesting.
That colleague of hers was Eng. António Silva and that project, that he developed around 1993, aimed at optimizing flax processing for fiber purposes, in a small scale production. At the time, industrial production had ceased many years before in our country, so the picture was more or less the same as it is now: folkloric groups and such growing flax for recreational purposes and no more than a few people that process it with quality, but that have a rough time making a profit from their work.
So, the goal was to optimize the most “painful” parts of the process: mostly scutching and combing, which are very time and labour demanding, but also the spinning part.
One of the machines created was a mechanical scutcher entirely based on an irish model. This was manufactured by CENFIM for the cost of the materials alone (they offered the labour) for a few Craft Associations that showed interest at the time. They also manufactured what the engineer refers to as electric “spinning benches”.
We’re in a different century now, and it is a lot easier to find and buy small and middle scale fibre processing machinery, if you look outside Portugal. But even now, except for a few rare cases, the picture in Portugal is mainly artisanal and, above all, very rustic.
It’s not common to find equipment like the one Eng.Silva developed, and he did it in the 90’s, so I find it exceptional.
The equipment didn’t spread out at the time, but some of the people involved in the project acquired it, and still use it in the present day. Yes, this means that there are people that have these machines in their home, and also electric spinning machines custom made locally, twenty years ago.
The fact that the scutcher was made based in an irish model, means that its size is planned for foreign flax varieties, that are taller and more profitable. Using this machine meant not using it with a local flax variety that doesn’t grow more that 40cm, like the Galego Linen. The studies carried by Eng.Silva concluded that optimizing small scale fiber production meant not only the introduction of better equipment, but also of a more profitable flax variety.

One of the importante things about Eng.Silva is that his knowledge in not purely academic or purely experience based. When he worked on flax, growing it was part of his job, but his academic background and personal interest for the subject, allowed him to acquire quite some knowledge about the subject.
I left this meeting with books written by Flávio Martins about growing flax for fiber purposes, copies and originals of the studies Eng.Silva carried on and answers to so many technical doubts that I had before sowing the flax. I also had the opportunity to browse the flax project’s photo album, that I talked about above.
Very typical of a person that has more than a professional interest on the matter is to find traces of his interest for linen around his house. Eng.Silva had kept two different models of the electric spinning wheels he had made, a Louet spinning wheel still in the box (brought from Holland by a truck driver in the 90’s) and one of those big mechanical “irish type” scutchers in one of his storages.
All precious things!

[01.04.2015 / This post refers to the investigation and activities developed during the 
Saber Fazer em Serralves program]



Quando fui buscar as sementes de Linho Galego ao BPGV, e expliquei à Eng. Ana Maria Barata o que pretendíamos fazer e explorar com esta ideia de produzir e processar fibras têxteis sem Serralves, ela mencionou-me que tinha tido um colega no Banco que há alguns anos atrás tinha trabalhado num projecto relacionado com Linho, e que tinha andado a desenvolver equipamento que talvez achássemos interessante.
Esse colega era o Engenheiro António Silva e o projecto, que andou a desenvolver em meados dos anos 90, tinha como objectivo optimizar o processamento de Linho para fibra têxtil, numa escala de produção pequena. 
Já naquela altura o processamento industrial tinha cessado no nosso país havia muito tempo, por isso o panorama era mais ou menos semelhante ao que é hoje: grupos folclóricos e entidades semelhantes que cultivam o linho para fins recreativos e pouco mais que alguns resistentes que o produzem com qualidade, mas de forma completamente artesanal e que é complicada de rentabilizar.
O objectivo era encurtar as fases mais "dolorosas" do processamento do Linho: as de espadelar e assedar, principalmente, que são demoradas e custosas no que diz respeito a mão-de-obra, mas também a parte da fiação. Uma das máquinas produzidas para esse efeito foi uma espadeladora mecânica. Baseada inteiramente num modelo irlandês e produzida pelo CENFIM apenas pelo custo dos materiais (ofereceram a mão-de-obra), para as associações de artesanato que na altura quiseram adquirir uma. Também se produziu aquilo a que o engenheiro chama "bancas de fiar" eléctricas.
Já estamos noutro século e, actualmente, encontrar e comprar equipamento de escala intermédia para processamento têxtil, fora de Portugal, já não é tão difícil. Mesmo assim, salvo raras excepções, o panorama português é bastante artesanal e acima de tudo, rústico.
Quero dizer com isto que, mesmo actualmente, não é comum encontrar equipamento como o que o Eng.Silva conseguiu produzir, por isso, ter a iniciativa de o construir de raiz nos anos 90,  é algo excepcional.
Na altura, o equipamento não se disseminou, mas achei interessante como algumas pessoas envolvidas no projecto adquiriram, e continuam a usar ainda hoje, essa maquinaria. Sim, há gente com uma espadeladora mecânica destas em casa e também com rodas de fiar eléctricas fabricadas à medida, localmente, há 20 anos atrás.
O facto da espadeladora ser uma réplica de um modelo irlandês, fez com que as suas dimensões estivessem pensadas para variedades de linho estrangeiras, que são mais altas. Usar uma máquina destas implicava que não estivéssemos a usar uma variedade regional que cresce apenas uns 40cm de altura, como o Linho Galego. Optimizar a produção têxtil, mesmo que numa escala mais pequena, pelas conclusões dos diversos estudos que o Eng.Silva fez, também implicava mudar o cultivo para uma variedade mais rentável.

Uma das coisas importantes acerca de uma pessoa como o Eng.Silva é que o conhecimento que ele possui não é apenas teórico nem apenas empírico. Quando trabalhou com o linho, também realizou cultivos, e por trás disto tudo há uma formação académica e um interesse pessoal que lhe deram um conhecimento excepcional sobre a matéria.
Saí deste encontro com livros do Flávio Martins sobre a cultura do linho, com cópias e um documento original dos estudos que o Eng.Silva fez ao longo dos anos (preciosos!) e respostas a muitas dúvidas técnicas que antecederam a sementeira e que precisava de ver esclarecidas. Tive ainda oportunidade de folhear o álbum fotográfico de registo do projecto de desenvolvimento da maquinaria que mencionei anteriormente.

Típico de alguém que tem mais que um interesse profissional pela matéria é encontrar pela sua casa resquícios do interesse pelo Linho. O engenheiro ainda tinha guardadas duas rodas de fiar eléctricas, daquelas produzidas a seu pedido, uma roda de fiar Louet dentro da caixa original (mandada vir da Holanda nos anos 90 através de um amigo camionista) e um exemplar da tal espadeladora mecânica "de tipo irlandês" encostada, mas funcional, numa das arrecadações.
Tudo relíquias!

--

[01.04.2015 / Este post refere-se à investigação e actividades desenvolvidas no âmbito do programa Saber Fazer em Serralves ]

 
 
Anterior
Anterior

nom, nom, nom.

Próximo
Próximo

Ampliação das instalações