Sim, é verdade. Nem consegui acabar de contar a história da nossa produção de seda do ano passado e já cá estão as lagartas de 2016. Mas pronto, é o que acontece quando se quer pôr uma quinta a produzir seda, linho, lã e escrever sobre isso, fazer um estudo sobre lãs portuguesas, manter uma loja a funcionar e ainda ter um bébé pelo meio.

Já escrevi sobre o caso do Daniel Harris antes, em 2012, mas é um caso que apetece revisitar porque entretanto o trabalho dele já cresceu e consolidou-se, e é agora um exemplo comprovado do que quis mostrar na altura.

Os anos passam e passam, mas transformar fibra em fio continua a parecer-me um passe de magia. Definitivamente o ofício do meu coração.

A parte muito entediante de fotografar todas as amostras é a parte muito satisfatória de ver o trabalho a ganhar forma.

Encontrar livros sobre a cultura do Linho escritos em português não é coisa fácil. A maior parte dos que encontro e que são de facto úteis para a prática já foram publicados na primeira metade do séc.XX e são raridades, na verdade.

Ora aqui está um problema que eu nunca tenho.

Se eu sabia que passar destes sacos de lã em bruto oriundos de todos os cantos deste país para uns micro-envelopes como estes ia dar tanto trabalho? Claro que não. Mas ainda bem que não sabia, senão tinha-me assustado e hoje ainda não teria nada disto feito.

Encontrei este no baú e apeteceu-me partilhar.

Depois de estar esgotado durante uns meses, está de volta à loja o nosso livro de Ferramentas de Carpintaria e Marcenaria.

Numa altura em que me estou a esforçar, com uma grande ajuda de Serralves, por ter fibras têxteis a serem produzidas cá no Porto, é muito bom ver que há movimentos com o mesmo intuito a acontecer em centros urbanos ainda maiores.

Enquanto não termino a maratona que está a ser o trabalho sobre as lãs produzidas pelas nossas raças autóctones, aqui fica um videozinho sobre as raças ovinas nacionais.

Mesmo estando soterrada em trabalho e sem tempo para escrever todos os posts que tenho para escrever, não quis de deixar de partilhar as primeiras experiências da Guida Fonseca com algumas das lãs descobertas através do processo de trabalho para o estudo comparativo das lãs produzidas pelas nossas raças autóctones, que estamos a desenvolver, na sua própria produção.

No final de Junho, lá fui eu Minho acima, na esperança de ainda ver uma daquelas espadeladoras mecânicas em funcionamento.

Tal como no ano passado, foi um dia bastante intenso a ensinar a fiar, tecer e fazer cestos.

Apesar do cansaço no final do dia, todos concordamos que é muito importante abrir este tipo de actividades a um público que, que na sua maior parte, nunca tocou em fibras nem fez nada do género.

A confusão merina começou quando começamos a trabalhar sobre a análise comparativa das lãs portuguesas e termos que usávamos e ouvíamos frequentemente se misturaram com outros novos que fomos aprendendo.

Merino, Merino Alentejano, Merina Branca, Merina Preta, Merina da Beira Baixa, merino extra, merino fino, merino médio e merino forte. O que significa cada um destes termos e qual é a relação entre eles?

Uma coisa que é bom conhecer quando se trabalha com lãs, é a Classificação das Lãs Nacionais que se encontra neste momento em vigor no nosso país. Estas duas tabelas não são os documentos mais fáceis de encontrar online, embora esteja disponível em diversas bibliotecas, mas tive a sorte de, no momento em que procurei (leia-se "googlei") pelo livro, o ter encontrado num alfarrabista cá no Porto, em excelente estado de conservação.

Surpreendentemente, a maior parte dos fusos portugueses têm viajado até ao outro lado do Atlântico. Mas não devia ser surpresa nenhuma por duas razões: a primeira é que a "cultura das fibras têxteis" é muito mais intensa e desenvolvida que no nosso país. A segunda, é que este fuso é bastante invulgar e, por isso, não é estranho que desperte curiosidade

O número 01 da serigrafia das Ferramentas de Carpintaria e Marcenaria que guardei para nós, emoldurado e prontinho a pendurar.

Marquem na agenda: domingo 27 de Setembro de 2015, o Saber Fazer vai voltar a organizar 2 actividades na Festa de Outono em Serralves.